Até os treinos “ruins” são bons para a sua saúde

Ernesto Matalon
Por Ernesto Matalon

A educadora física Gabriela Bahia, do Vem pra Crew, explica como tudo depende da nossa percepção corporal

Você vai na academia, mas sente que o treino ficou bem distante do que você gostaria. Calma, a gente entende que isso pode ser bastante frustrante. Mas a verdade é que não existe nenhum problema com treinos “ruins”. Pelo contrário, eles continuam sendo bons para a sua saúde.

Para a educadora física e influenciadora fitness Gabriela Bahia , da Crew , tudo começa com uma percepção pessoal sobre o treino: o que ela chama de PSE, ou percepção subjetiva do esforço.

“A gente precisa sempre buscar uma PSE um pouco elevada – você vai se sentir ofegante, que gerou esforço naquele treino”, explica ela. “Quando você finaliza o treino, e sente que conseguiu chegar nesses níveis mais altos de PSE, isso caracteriza um bom treino.”

Ou seja, não dá para julgar um treino só pelo número de séries ou de repetições que você fez de um exercício. É preciso também entender a qualidade com a qual você treinou.

“Quando você está treinando, você tem que levar consciência para o músculo que está sendo trabalhado, tem que levar esforço, prestar atenção nos músculos movimentando… Tudo isso vai fazer a sua PSE aumentar e, quanto mais a gente consegue levar essa percepção a níveis elevados, melhores resultados a gente tem para o corpo e para a mente”, continua.

ERROS COMUNS NA HORA DE TREINAR

Uma coisa é certa: seja um treino longo ou curto, super intenso ou mais leve, todo mundo consegue perceber a si mesmo treinando. E é aí que mora o primeiro grande problema, quando se fala em treinos: não trabalhar a sua presença ao fazer os exercícios.

“O treino é como qualquer trabalho que você for fazer”, explica Gabriela. “Se você estiver lendo um livro sem prestar atenção, não vai entender nada do que aquele livro está passando. É muito importante, na hora de treinar, estar, de fato, presente, prestando atenção no músculo, observando o abdômen, levando consciência pro seu corpo, para você ter resultados.”

O segundo grande erro, segundo a profissional, é não se atentar ao descanso e, mais ainda, não se alimentar direito. Aqui, ela reforça que não é obrigatório se alimentar antes de treinar, mas pensar na alimentação de forma macro – afinal, não só de pré-treino vive um corpo saudável.

“O treino vai moldar o seu corpo, mas você vai tirar energia para treinar de alguma coisa, que é o alimento. Temos que pensar em uma alimentação macro: como as minhas refeições ao longo do dia vão me ajudar a ter mais energia na hora do treino? Você precisa se alimentar bem para ter energia para treinar, senão, não vai tirar energia de lugar nenhum e vai treinar sem fazer esforço, e, sem esforço, não há adaptação do corpo nem resultado”, explica.

Cuidar do sono também faz parte da busca por um bom treino. Isso porque o sono vai modular os seus hormônios, além de, também, oferecer energia pro seu dia. A higiene do sono antes de ir pra cama, segundo a educadora, é muito importante para uma boa noite de sono.

AFINAL, EXISTE TREINO RUIM?

Pelo contrário. Cada pessoa sabe os seus limites e quando é possível se desafiar ou quando é necessário pegar mais leve. Cada pessoa tem a sua capacidade de resistência e forma muscular e o treino deve se enquadrar nesses aspectos pessoais.

A PSE de uma pessoa que treina há muitos anos, por exemplo, vai ser completamente diferente da PSE de alguém que está começando agora – porém, é possível alcançar bons resultados em ambos os casos.

“Dentro da capacidade do limite daquela pessoa, a gente vai trabalhar para termos bons benefícios”, explica. “A gente só tem que saber qual o estímulo correto para que ele gere adaptações para ter resultados. Todo treino traz benefícios, mas a pessoa tem que ter essa percepção para gerar esforço dentro do treino.”

Fora isso, é importante também rever alguns conceitos que temos sobre o que é um “bom treino”. Ao contrário do que se pensa, não necessariamente um treino bom significa um treino longo – vide o HIIT, uma modalidade super popular de treinos de alta intensidade em pouco tempo.

Essa, aliás, é uma ótima opção quando a agenda está apertada, já que eleva a frequência cardíaca ao mesmo tempo que oferece descansos curtos e uma prática compacta – ou seja, com eles, é possível otimizar o tempo e ainda assim ter bons resultados.

“É muito importante a gente ter autorresponsabilização”, explica Gabi. “Quando você vai fazer um treino, é importante perceber se ele não está te desafiando ou se você não está conseguindo dar o seu melhor. E, aí, a gente tem que analisar se é a pessoa ou o treino, mas é uma análise que todos nós podemos fazer.”

Para ela, o desânimo com a prática física está bastante conectado com a ideia de que vamos sempre ter uma motivação forte para treinar – quando, na verdade, tudo depende da disciplina e do nosso comprometimento com a prática física.

“Se o treino está sendo bom para você, a forma de você não desanimar é tendo disciplina para fazer aquele treino todo dia”, diz. “Eu falo que é 1% melhor todo dia. Nem todo dia a gente tá muito bem, mas um pouquinho que você vai naquele treino, e tenta dar 1% melhor, você já está garantindo um bom resultado.”

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