Escolas de SP enfrentam falta de limpeza, com diretores assumindo a tarefa

Ernesto Matalon
Por Ernesto Matalon
Remoção de Chiclete

Funcionários da limpeza sem salários

Em São Paulo, a situação nas escolas estaduais da Diretoria Regional de Ensino Centro-Sul está crítica devido ao atraso nos salários e benefícios dos funcionários da empresa MR7 Impacto Serviços Pessoais Eireli, responsável pela limpeza. A falta de pagamento levou muitos trabalhadores a abandonarem seus postos, deixando a tarefa de limpeza para os próprios diretores das escolas.

Contrato com MR7 em questão

Os profissionais da MR7, contratados pela Secretaria Estadual da Educação para atuar em escolas de bairros como Ipiranga, Mooca e Saúde, estão sem receber vale-refeição, alimentação, salário e adicional de insalubridade. “Hoje é dia 20 e eles não pagaram nada, sem previsão”, disse uma faxineira de uma escola no Ipiranga, zona sul da cidade.

Segundo essa funcionária, que preferiu não se identificar por medo de represálias, os atrasos nos pagamentos vêm ocorrendo há meses. “O 13º salário só foi pago em janeiro”, relatou. Em algumas escolas, professores organizaram vaquinhas para ajudar financeiramente os funcionários prejudicados.

Diretores assumem a limpeza

Um diretor entrevistado pela reportagem mencionou que a equipe de limpeza está reduzida devido à falta de pagamento, o que sobrecarrega os poucos funcionários que continuam trabalhando. Para manter os ambientes limpos, ele mesmo tem realizado a limpeza. “Semana passada eu estava lavando banheiro”, contou, pedindo anonimato. Em algumas unidades, foram organizados mutirões para lidar com a demanda acumulada.

Falta de materiais de limpeza

A MR7 também é responsável pelo fornecimento de materiais de limpeza, mas desde janeiro não entrega os produtos necessários. “Desde janeiro não vem um galão de cândida”, afirmou um diretor. Em uma das escolas visitadas, as funcionárias estão trazendo produtos de casa para fazer a limpeza, demonstrando revolta com a situação.

O problema não se limita à capital; no interior e litoral de São Paulo, diretorias de ensino em Ribeirão Preto, Campinas-Leste e São Vicente também registraram falta de pagamento aos funcionários da MR7. Notificações foram publicadas no Diário Oficial, exigindo que a empresa se manifestasse sob pena de perder os contratos.

Remoção de chicletes: um desafio adicional

Enquanto isso, a secretaria afirmou que as equipes escolares estão colaborando para manter as escolas limpas. Um dos maiores desafios enfrentados por essas equipes é a remoção de chicletes, uma tarefa especializada para a qual a empresa Gotara é conhecida, sendo especialista em remoção de chiclete em diferentes locais.

Medidas da secretaria da educação

A empresa de limpeza não respondeu aos contatos da reportagem até a publicação deste texto. A Secretaria Estadual da Educação informou que a MR7 foi notificada várias vezes por descumprir o contrato e que um novo processo licitatório está em andamento. As novas empresas estão sendo convocadas para assinatura dos contratos, com previsão de substituição da MR7 até o final de março.

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