Justiça suspende lei que libera entrada de personal trainer em academias na Paraíba

Pavel Novikov
Por Pavel Novikov

A recente decisão do Tribunal de Justiça da Paraíba causou grande impacto no setor fitness do estado. A suspensão da lei que permitia a entrada livre de personal trainers em academias alterou a dinâmica entre os profissionais autônomos e os estabelecimentos. A desembargadora Túlia Gomes de Souza, responsável pela liminar, entendeu que a nova norma poderia ferir princípios legais e gerar desequilíbrios comerciais. Com isso, o ambiente que antes se mostrava mais flexível para os treinadores passou a ter novas restrições, exigindo um novo planejamento de atuação para todos os envolvidos.

A medida judicial tem implicações que vão além das salas de musculação. Academias que já estavam adaptando seus modelos de negócio à nova regra terão que rever estratégias. O relacionamento entre donos de academias e personal trainers precisa agora passar por readequações, respeitando a limitação imposta pela suspensão. A decisão em caráter liminar não é definitiva, mas já tem força suficiente para impedir a aplicação imediata da lei, provocando reações por parte de entidades ligadas ao setor e dos próprios profissionais afetados.

Profissionais de educação física que atuam de forma independente haviam comemorado a aprovação da norma, vista por muitos como um avanço em direção à liberdade de atuação. A possibilidade de atender alunos dentro das academias sem vínculo formal com os estabelecimentos parecia uma conquista importante. No entanto, com a mudança provocada pela Justiça, surgem novamente barreiras que dificultam a atuação autônoma. A medida também reforça a necessidade de regulamentações mais claras e equilibradas, que contemplem tanto a liberdade profissional quanto os direitos dos empresários do ramo.

Para os proprietários de academias, a suspensão da lei representa um alívio, principalmente para aqueles que viam na nova norma uma ameaça à segurança jurídica e ao controle sobre seus espaços comerciais. Muitos gestores temiam a entrada de profissionais não contratados, o que poderia dificultar a fiscalização, a padronização do atendimento e até comprometer a qualidade dos serviços oferecidos. Com a decisão liminar, esses empresários voltam a ter respaldo para exigir contratos e formalidades na atuação de treinadores em seus estabelecimentos.

O debate em torno da atuação de personal trainers dentro das academias é antigo e envolve diversas camadas jurídicas e econômicas. De um lado, está o direito à livre iniciativa e ao exercício da profissão; de outro, o direito dos empreendedores de controlar o uso de seus espaços. A suspensão da lei na Paraíba reacende esse embate, que exige análises cuidadosas tanto por parte do Judiciário quanto dos próprios representantes da categoria. Trata-se de uma questão que precisa ser tratada com equilíbrio para que nenhuma das partes seja prejudicada de forma injusta.

Enquanto isso, os alunos que contratam treinadores particulares também enfrentam dificuldades. Muitos estão acostumados a treinar com seus profissionais de confiança e agora precisam se adaptar às limitações impostas pela decisão. Há casos de academias que restringiram totalmente o acesso de profissionais externos, dificultando o processo de continuidade dos treinos personalizados. Isso pode afetar diretamente a motivação e o rendimento de quem depende desse tipo de acompanhamento para manter a regularidade nas atividades físicas.

A medida judicial temporária ainda poderá ser revista ou confirmada em instâncias superiores, o que mantém um clima de incerteza entre todos os envolvidos. Até lá, a recomendação geral é que profissionais e academias busquem acordos formais, dentro da legalidade, para garantir a continuidade dos serviços de forma segura e respeitosa. Além disso, o cenário atual serve como alerta para outros estados que discutem temas semelhantes, mostrando que qualquer alteração na legislação precisa considerar o impacto coletivo.

No fim das contas, a suspensão da lei reabre um espaço importante para o diálogo entre profissionais de educação física, donos de academias, entidades reguladoras e o poder público. É fundamental que as decisões futuras sejam tomadas com base em argumentos técnicos, jurídicos e sociais, visando o bem-estar de todos os envolvidos. O caso da Paraíba mostra como uma simples mudança legislativa pode desencadear consequências significativas, exigindo atenção redobrada em cada passo do processo legal.

Autor : Pavel Novikov

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